Últimas cartas
O susto com o resultado da última pesquisa do Ibope, que apontou vantagem de 18 pontos para o candidato do PT, Tarso Genro, acordou os líderes do PMDB e do PDT: diante da constatação de que o risco da derrota no primeiro turno é real, decidiram deixar as picuinhas de lado.
A conclusão unânime é de que só a mobilização das bases pode impedir o naufrágio da candidatura de José Fogaça. Acabar com as desavenças nas cidades em que PMDB e PDT são adversários e envolver prefeitos e vereadores na caça ao voto se tornou prioridade na campanha de Fogaça.
Desde domingo, cada reunião tem um espaço destinado a lavar a roupa suja. Críticas que antes só eram feitas nos bastidores agora aparecem, alto e bom som, nos encontros a portas fechadas, são repetidas em entrevistas e, em alguns casos, expostas nas mídias sociais.
O balanço dos erros, que normalmente ocorre depois de contados os votos, está sendo feito em cada conversa. Começa pela centralização do comando da campanha, considerada hermética pelos líderes do PDT, que reclamam de não serem ouvidos.
Segue com o esfacelamento do PMDB, dividido em relação à sucessão presidencial, passa pelo corpo mole dos candidatos a deputado e vai ao cerne do discurso de Fogaça, considerado excessivamente burocrático.
Os aliados avaliam que o discurso do fica o que está bom, muda o que não está funcionou em 2004 porque o PT estava desgastado depois de 16 anos na prefeitura de Porto Alegre e que em 2008 Fogaça se reelegeu mais pela fragilidade dos adversários do que pelas virtudes da sua administração.
Um dos aliados cita o Estado multicêntrico, repetido à exaustão por Fogaça, como um exemplo de expressão que não empolga os eleitores.
Outro ponto considerado decisivo para as dificuldades de Fogaça é a neutralidade na eleição presidencial.
Há um mês, numa reunião no gabinete do prefeito José Fortunati, o senador Pedro Simon foi alertado de que Dilma Rousseff poderia vencer no primeiro turno e que aquele era o momento ideal para a aproximação.
Como só agora Simon passou a defender o voto em Fogaça e em Dilma, a atitude está sendo considerada oportunista.
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- Escudo da candidata Dilma Rousseff, o presidente Lula tomou para si a tarefa de defendê-la das acusações de José Serra e ocupou o programa de ontem para atacar o tucano, a quem acusou de ser da turma do contra.
Sigilo fora da propaganda
Pela primeira vez desde que trouxe para a TV o tema do vazamento do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha de José Serra, a propaganda do candidato do PSDB não abordou o assunto ontem. A primeira parte foi dedicada a mostrar obras e promessas de Serra.
A segunda, a desconstruir a imagem e a propaganda de Dilma Rousseff (PT). Como Dilma em nenhum momento usou a filha de Serra na propaganda ou fez menção a dados do sigilo, a comparação com os ataques de Fernando Collor a Lula, na eleição de 1989, estava ficando esquizofrênica.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, a descoberta de um esquema de espionagem no Palácio Piratini não atrapalha a campanha presidencial de José Serra. Embora admita que não está acompanhando o caso do Rio Grande do Sul, Guerra nega que eventuais viagens do candidato ao Estado possam ser adiadas por conta do episódio. Até ontem, não havia mesmo previsão de nova visita do candidato aos gaúchos.
DIA DO FICO
- O 7 de Setembro não será para a campanha de José Fogaça o Dia da Independência, mas o Dia do Fico: o deputado federal Mendes Ribeiro anunciou ontem que segue na coordenação, apesar das pressões de companheiros do PMDB e de aliados do PDT para que seja substituído.
ALIÁS
- Para que os militantes não entreguem o jogo no primeiro tempo, o discurso no PMDB e no PDT está afinado: os líderes recomendam ignorar as pesquisas e juntar forças para levar Fogaça ao segundo turno.
TURNO INTEGRAL
- A partir de hoje, o presidente do PDT, Romildo Bolzan, tira férias da prefeitura de Osório para se dedicar à campanha de José Fogaça. Bolzan vai se instalar no escritório político da Rua Barão de Ubá, onde fica o núcleo pensante da campanha. A expectativa no PDT é de que a presença do presidente faça os estrategistas prestarem um pouco de atenção nas sugestões para tirar a campanha do atoleiro.
TRÊS EM UM
Embora não tenham se cruzado, os três principais candidatos ao governo do Estado passaram ontem pelo mesmo lugar: a Expofred 2010, em Frederico Westphalen.
Líder nas pesquisas, Tarso Genro (PT) foi o primeiro a chegar, por volta das 12h30min, acompanhado de cerca de 30 carros de apoiadores. Ao circular pelos pavilhões, conversou com produtores e funcionários da Emater, se comprometendo a revitalizar a instituição. José Fogaça (PMDB) cumpriu um ritual semelhante, mas seu principal compromisso na cidade foi outro: tentando reverter a tendência de queda indicada pelas pesquisas eleitorais, se reuniu com 18 prefeitos do PMDB e PDT.
Segundo o vice, Pompeo de Mattos, até então a mobilização estava fraca na região porque havia rixas locais entre os partidos da coligação. Mas o resultado teria sido animador. Nunca vi o Fogaça tão animado como agora. Ele incorporou o espírito da vitória entusiasmou-se Pompeo.
No fim da tarde, Yeda Crusius (PSDB) participou do encerramento da Expofred, na condição de governadora. Antes de dirigir-se ao parque, Yeda fez questão de conhecer a Catedral Diocesana de Frederico Westphalen, onde recebeu uma bênção especial do padre Leoni Agostinho Fainello.
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), vai anunciar hoje uma série de ações na área da Saúde.
- Entre elas, a abertura de quatro pronto-atendimentos, a contratação de 132 médicos e a promoção de um mutirão para realizar aproximadamente 650 cirurgias de catarata.
MIRANTE
- Na próxima semana, conselheiros de todo o país vão se reunir em Brasília para discutir a criação do Conselho Nacional dos Tribunais de Contas, para reforçar a fiscalização.
- O ex-goleiro Danrlei, que concorre a deputado federal pelo PTB, abriu o voto para Germano Rigotto (PMDB) na eleição para senador.