quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Zero Hora / Carolina Bahia

Ritmo eleitoral
Há um hiato entre o discurso do presidente Lula e as investigações da Receita Federal. Para o consumo imediato, a ordem do Planalto é que o caso da quebra de sigilo seja desvendado o mais breve possível. Afinal, não se poderia esperar outra afirmação do presidente da República. Os responsáveis pelo rastreamento dos espiões, contudo, pediram tempo para concluir os trabalhos. A alta capacidade técnica dos integrantes do Fisco, inclusive daqueles que trabalham na corregedoria, é reconhecida dentro e fora do país.Não é por falta de excelência que os prazos se alongam, quem sabe para depois do período eleitoral. É que a cada dia um fato novo alimenta o escândalo, colando o vazamento das informações a pessoas ligadas ao PT e ao PMDB, apertando o cerco à campanha de Dilma Rousseff. Essa demora é conveniente para a estratégia petista, que ainda trabalha com uma possibilidade de vitória no primeiro turno.
Monitorando
Atento ao impacto da quebra de sigilo, o comando da campanha de Dilma realiza medições diárias junto ao eleitorado. Foram detectadas oscilações, mas que ainda não chegam a preocupar. Alguns votos perdidos teriam migrado para Marina Silva (PV).
Cautela
Responsável pela agenda de José Serra, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) tem conversado com lideranças do DEM e do PSDB no Estado. A ideia é de que o candidato volte a desembarcar no Rio Grande do Sul na segunda quinzena de setembro. O clima da campanha de Yeda Crusius depois das últimas denúncias envolvendo o governo e as pesquisas é que vão pesar na definição da data. A senadora já avisa que Bahia, Pará e Ceará estão entre as prioridades da próxima semana.
Equilíbrio
Como o objetivo de José Serra é carregar a eleição para o segundo turno, os marqueteiros resolveram elevar o tom contra a adversária e o governo. Ontem, porém, Serra preferiu não citar a quebra de sigilo durante o programa de TV do início da tarde. Há o temor de errar na dose.
De longe
Com a mobilização de prefeitos do PMDB, Michel Temer considera que a missão no Estado está cumprida. Pelo menos por enquanto, não há agenda prevista para o RS. A declaração do senador Pedro Simon , a favor do voto em Dilma, serve de bônus.
RECORTE E COBRE - Fio de bigode
Apesar da pressão do Ministério do Meio Ambiente, a bancada ruralista se prepara para pressionar o Congresso assim que terminar o período eleitoral. O deputado Luis Carlos Heinze (PP) lembra que há um acordo com as lideranças do PSDB e do PT para a votação do Código Florestal ainda neste ano, e sem mudanças no texto aprovado na comissão especial. O acerto inclui também uma trégua durante a campanha.
No bolso
O comício do presidente Lula realizado no final de julho em Porto Alegre custará R$ 112 mil à campanha petista. Segundo a Casa Civil, o partido decidiu arcar também com as despesas de transporte. Tudo para evitar ainda mais confusão.