sábado, 14 de maio de 2011

Da: Coluna do Claudio Humberto

EFEITOS DA SEMANA DE DOIS DIAS 

Por Carlos Chagas


  • Depois  da lambança verificada  no plenário da  Câmara na noite  de quarta-feira, seguiu-se espetáculo menos explosivo mas igualmente lamentável: retiraram-se  os deputados para só voltarem terça-feira da próxima semana,  quando será retomado o processo de votação  do Código Florestal. 
  • Apesar de há décadas o Congresso paralisar suas atividades cinco dias por semana, das quintas às terças, a indignação cresce mais quando se assiste  os parlamentares deixarem  para depois decisões essenciais à sua própria razão de ser. 
  • Mais ou menos como uma equipe médica estar operando o coração de um paciente e, diante de uma obstrução inesperada, abandonar  o infeliz na maca e só retornar dias depois. O risco é de encontrar um defunto. 
  • Foi do PT a decisão de abortar a sessão   diante da derrota iminente de seus pontos de vista. 
  • O governo estava perto de ver a bancada ruralista sair vitoriosa,  ironicamente respaldada pelo relator do projeto, Aldo Rebelo, do PC do B. 
  • Os ambientalistas iam perdendo a votação,  mas antes  perderam a compostura.  
  • Agrediram  o deputado com acusações de “canalha!” e “traidor!” 
  • Não aceitaram a isenção para reflorestamento de pequenas  propriedades. 
  • Até o marido da ex-senadora Marina Silva foi chamado de contrabandista de madeira.
  • De repente, como se nada tivesse acontecido, foram todos jantar. 
  • Numa época em que se discute a reforma política, seria bom que alguém apresentasse proposta pelo funcionamento deliberativo de Câmara e Senado durante a semana inteira, exceto aos domingos.  
  • Com desconto em folha dos faltosos e até cassação do mandato para os recalcitrantes.
PAIS RICO É ASSIM MESMO
  • Sob poucos protestos, o Senado aprovou a revisão das notas reversais com o Paraguai,   a  respeito da decisão do governo de pagar ao governo daquele país três vezes mais do que recebe pela compra da energia de Itaipu que não usam. 
  • De 120 milhões de dólares por ano, canalizaremos agora 360 milhões para Assunção. 
  • A vitória ampla do palácio do Planalto,  seguindo as determinações do ex-presidente Lula, não impediu que senadores como Itamar Franco, Demóstenes Torres e Jarbas Vasconcelos botassem a boca no trombone, acusando a decisão da maioria de subserviente e irresponsável. Além de ter sido política, jamais técnica,  destinada a inflar o balão do presidente Lugo.
  • Itamar indagou  sobre quem fiscaliza as contas de Itaipu,  concluindo não ser o Senado e muito menos o Tribunal de Contas da União. 
  • A empresa binacional, para ele, é uma caixa-preta, aparentemente controlada pela Eletrobrás, hoje uma empresa de capital aberto com ações na bolsa de Nova York. 
  • Pagar mais aos paraguaios que não investiram um centavo  na implantação  e na manutenção da usina pode constituir-se numa temeridade.
  • Demóstenes provou que o aumento cairá sobre os ombros do contribuinte, lamentando a instabilidade da situação dos brasileiros que trabalham  e residem no Paraguai, os “brasilguaios”, desprotegidos e até  perseguidos.
  • Pelo menos, deveríamos exigir compensações por mais essa benesse praticada em favor de nossos vizinhos.
  • Jarbas bateu firme no governo, lembrando que o Senado apenas  referendava uma decisão tomada  previamente pelo  Executivo. 
  • Os recursos desviados para o Paraguai serviriam para incrementar obras e planos sociais no  Brasil.
VÃO EXIGIR MAIS
  • Engana-se quem supuser  a presidente Dilma  entusiasticamente aplaudida pela multidão,  domingo, em sua viagem meteórica ao Paraguai.  
  • Anunciará a elevação dos recursos pagos àquele  país pela compra fictícia da energia  produzida por nós, mas receberá novas exigências do presidente Lugo. 
  • Uma delas a de limitar o número de cidadãos brasileiros que demandam aquele país,  levando capital e disposição para trabalhar. 
  • Também deverá protestar por antecipação diante das novas medidas que o Brasil adotará nas fronteiras, para cercear a ação de contrabandistas. 
  • Tomara que a chefe do governo  fale duro, lá, como tem falado  aqui, diante de seus ministros.
PROJEÇÕES FUTURAS
  • Caso a presidente Dilma venha a candidatar-se a um segundo mandato, no longínquo 2014, o PMDB reivindicará a  manutenção da chapa  vitoriosa  ano passado, quer dizer, Michel Temer indicado para a vice-presidência.  
  • Na hipótese de o candidato do PT vir a ser o Lula, da mesma forma os peemedebistas pleitearão o cargo, com o mesmo Michel Temer. Dessa forma, nos próximos doze ou dezesseis anos, o partido do dr. Ulysses permanecerá a reboque. 
  • A pergunta que se faz é se aguentará como força política de vulto, já que desde o ano passado suas bancadas na Câmara começaram a minguar. 
  • Mais duas ou três eleições parlamentares, reunidas às de governador, e a perspectiva  parece sombria.  
  • Será por isso que o presidente interino do PMDB, Waldir Raupp, interrompeu a sessão de votação  do projeto das medidas provisórias, no Senado, para saudar o ingresso de Paulo Sckaff em suas fileiras?  Em vez de partido das massas, vai virar o partido dos empresários?