terça-feira, 22 de março de 2011

Do: Jornal do Comércio

Repórter Brasília - Edgar Lisboa
Jornalistas assassinados
Quem matar um jornalista em serviço terá prioridade para ser julgado. Um projeto de lei do ex-senador Roberto Cavalcanti que trata do tema está pronto para ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado e o relator, Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), já apresentou voto pela aprovação da matéria. "Devemos sempre recordar o brutal assassinato do jornalista Tim Lopes, morto no dia 2 de junho de 2002 por traficantes do Complexo do Alemão, quando investigava denúncias de exploração sexual no baile funk da favela Vila Cruzeiro", afirmou Cavalcanti. Mas entidades não veem com bons olhos. A vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria João Braga, está cética em relação ao projeto. "O aumento de pena geralmente não tem efeito sobre qualquer tipo de crime. O que inibe é a punição de culpados. Infelizmente, temos uma deficiência nisso", afirma. Mas, segundo ela, o Brasil está tratando relativamente bem os seus jornalistas. "No resto da América Latina, não há nem apuração de casos. Nossos números são bem menores, principalmente em relação à Colômbia e ao México."Segundo dados da própria Fenaj, assassinatos de jornalistas foram apenas 4% do total de agressões reportadas em 2009. Censura judicial e agressões físicas e verbais são problemas bem maiores, sendo 27% e 40% dos casos, respectivamente. No mesmo ano, dois jornalistas foram assassinados: Dalvison Nogueira de Souza e Givonaldo Vieira, ambos em Pernambuco. Em 2010, dados da Federação Internacional de Jornalistas mostram que dois jornalistas foram mortos enquanto trabalhavam: Clóvis Silva Aguiar e Francisco Gomes de Medeiros. Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), acredita que as agressões contra jornalistas diminuirão na medida em que a sociedade brasileira entenda melhor o papel do jornalismo. "Acredito que a tendência é diminuir os casos. Essas mortes são decorrência de uma incompreensão do papel do jornalismo pela sociedade brasileira. Geralmente são em cidades do Interior e espelha um pouco a situação delas." E diz que há situações bem piores. "No México há um enfrentamento entre o crime organizado e a imprensa. Um descontrole total. A gente vê alguns poucos sinais aqui no Brasil, como o caso do Tim Lopes." Segundo ele, só aplicando a lei existente já conduziria a uma situação melhor. Na América Latina, México e Honduras foram os mais perigosos: 10 jornalistas assassinados em cada um dos países.
Construção da paz
"Devemos muito nos orgulhar do Brasil não ter avalizado resolução sobre a Líbia. É lamentável. Mísseis não constroem paz", disse a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário , sobre a abstenção do Brasil na votação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia.
Economia do tabaco
A Câmara dos Deputados vai realizar hoje audiência pública para tratar dos impactos sociais e econômicos que as restrições propostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produção, divulgação e comercialização de produtos derivados do tabaco poderão causar. Delegações do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, estados que concentram 90% da produção do tabaco, estarão presentes, além de várias lideranças do setor. A audiência foi proposta pelos deputados federais Luis Carlos Heinze (PP-RS), Eduardo Sciarra (DEM-PR), Abelardo Lupion (DEM-PR), Afonso Hamm (PP-RS) e Celso Maldaner (PMDB-SC).