quinta-feira, 24 de março de 2011

Da: Zero Hora

ROSANE OLIVEIRA

Cargos a mancheias
A tradição no Rio Grande do Sul é o governo que chega anunciar o corte de cargos em comissão como medida de contenção de despesas, mesmo que depois as vagas abertas sejam preenchidas a conta-gotas para atender pedidos de aliados. Tarso Genro resolveu subverter essa lógica e antes de assumir pediu à antecessora que encaminhasse um projeto à Assembleia Legislativa criando cargos que considerava necessários para implementar seu projeto de governo.   Os deputados aprovaram o pedido inicial e, logo depois da posse, o governador encaminhou outro pacote de projetos prevendo a criação de mais cargos de confiança e outros efetivos. A oposição estrilou, acusou o governo de estar inchando a máquina para acomodar cabos eleitorais, mas não teve forças para impedir a aprovação. Feitas as contas, são cerca de 400 novos cargos criados, que somados a aumentos e gratificações custarão aos cofres públicos quase R$ 50 milhões por ano. É verdade que o governo extinguiu 198 CCs, mas eram tão baixos que o impacto nas contas se torna insignificante.  Desde o início, o governador sustentou que os cargos são necessários para o seu projeto de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. Ele diz que nunca se comprometeu com o “discurso neoliberal” do enxugamento da máquina e que não aprova a política do Estado mínimo. Assim que o governador sancionar os projetos que criam cargos na administração estadual, deputados de oposição entrarão na Justiça para tentar impedir as nomeações. O argumento é que Tarso violou a Lei de Responsabilidade Fiscal ao propor a criação de cargos sem informar o impacto financeiro nos próximos três anos.  Outra iniciativa para barrar a criação de cargos de confiança no futuro está sendo proposta pelo PPS, na forma de emenda constitucional. A ideia é fixar limites em relação ao número de CCs e ao valor gasto com seus salários. Esses limites seriam definidos em lei complementar, a partir de um diagnóstico detalhado da situação em cada órgão público.
ROLO COMPRESSOR
Desde o governo de Antônio Britto, o Rio Grande do Sul não via um governo aprovar com tanta facilidade seus projetos na Assembleia. Graças à base que montou antes de assumir, até aqui Tarso Genro aprovou tudo o que quis, sem ser questionado pelos aliados.  Na sessão de ontem, a líder Miriam Marroni  só teve a preocupação de manter o quórum necessário. Ninguém causou preocupação ao Piratini com gestos de rebeldia. Essa construção política permitiu, por exemplo, aprovar dois pedidos de empréstimos, um ao BNDES e outro ao Banco Mundial, que serão a saída para o governo diante da falta de recursos próprios para investimentos.  Há um longo caminho até a chegada do dinheiro, mas essa etapa foi vencida. Deputados que criticaram Yeda Crusius por se endividar no Banco Mundial com o empréstimo para a reestruturação da dívida emudeceram.
Procuradores não serão punidos
Os seis procuradores da República que em agosto de 2009 deram entrevista coletiva para detalhar ação de improbidade administrativa contra a então governadora Yeda Crusius e outras pessoas ligadas a ela não sofrerão qualquer punição por parte do Conselho Nacional do Ministério Público. A sindicância aberta a partir de uma reclamação de Yeda foi arquivada ontem pelo plenário do CNMP. Yeda questionou a conduta dos procuradores, que à época pediram seu afastamento do cargo, mas não foram atendidos pela Justiça.
Disputa pelo comando do PSDB
Com o aval do atual presidente, Cláudio Diaz, o prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice, vai disputar a presidência estadual do PSDB.  – Quem foi apoiado pela governadora Yeda Crusius terá meu apoio. Como ela está com Sanchotene, eu também estou – confirma Diaz.  A candidatura do prefeito de Uruguaiana será lançada hoje, em Porto Alegre. Sanchotene vai enfrentar o deputado federal Nelson Marchezan Jr., que vinha costurando uma chapa de consenso. Outro grupo, liderado por figuras como Thomaz Vonghon, José Carlos Breda, José Alberto Wenzel e Vicente Bogo, está disposto a entrar na disputa, mas Diaz acredita que acabará apoiando Sanchotene. 
Tarso Genro fará hoje as consultas derradeiras para decidir se escolhe Simone Mariano da Rocha ou Eduardo de Lima Veiga para o cargo de procurador-geral de Justiça. O terceiro colocado, Paulo Vidal, está fora de cogitação.
Voos mais altos
Realizado desde 2005 em Porto Alegre, o Fórum Político Unimed vai ganhar caráter nacional.
No dia 19 de maio será realizado em Foz do Iguaçu o 1º Fórum Político Unimed do Brasil, com a presença de palestrantes como o ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a atriz Bruna Lombardi, o sociólogo italiano Domenico Di Masi e o jornalista Roberto D’Ávila.
!
É no que dá a grenalização da política: agora quem decide no Rio Grande se uma CPI sai ou não sai ou quem deve dirigir um órgão público é a Justiça.
ALIÁS
O apoio da bancada do PT à CPI dos Pardais tem duas explicações: coerência com o discurso do passado e convicção de que se ela é ruim para o atual governo é ainda pior para os anteriores.
TCE vai ao Interior
Por sugestão do presidente João Osório, aprovada pelos demais conselheiros, o Tribunal de Contas do Estado vai fazer sessões do pleno no Interior.
A primeira será dia 27 de abril, no campus da Unisinos, em São Leopoldo. A expectativa é de que, além de estudantes, prefeitos, vereadores e líderes comunitários da região assistam à sessão.
As outras sessões já definidas serão na URI, em Erechim, dia 11 de maio, e na URI de Frederico Westphalen, em 26 de junho.
Ela é gaúcha
A coluna errou ontem ao afirmar que não havia gaúchos entre os professores homenageados pela presidente Dilma Rousseff com a Ordem nacional do Mérito.  A professora Petronilha Beatriz Gonçalves da Silva é gaúcha de Porto Alegre, graduada em letras pela UFRGS, com licenciatura em português e francês. Também fez mestrado e doutorado na UFRGS e trabalhou nas redes pública e privada do Rio Grande do Sul e na Secretaria de Educação.
Infelizmente para os gaúchos, hoje a professora Petronilha empresta seu talento ao Departamento de Metodologia do Ensino e ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos. 
Somando ao tempo em que se chamada MDB, na época do bipartidarismo, o PMDB está completando 45 anos de vida e vai comemorar a data na sexta-feira com um ato político no Chalé da Praça XV, em Porto Alegre, a partir das 11h30min. Depois dos discursos haverá um almoço. Como o dinheiro anda curto no partido, cada um paga o seu.