- O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara, só pode ter tomado "uns goles a mais" (hic) ao rebater a oposição, que critica o governo por conceder o programa Bolsa Família a rodo.
- Ele defendeu a concessão "até para quem gasta o dinheiro em cachaça".
- Sabem o que disse o "nobre deputado"? Vaccarezza, com a ingenuidade que Deus lhe deu, disse que a oposição nunca entendeu bem o programa: "ele é bom para a pessoa ter acesso, até mesmo, à cachaça".
- Reparem: "até mesmo à cachaça".
- Um gole pro santo! Alheio à "pisada na bola", Vaccarezza voltou à carga: "Mas mesmo que uma família dessas compre uma garrafa de cachaça por mês, são 11 milhões ou 12 milhões de garrafas de cachaça.
- Isso ajuda toda a economia".
- Bah, parece conversa de boteco.
- Não é.
- Trata-se de uma coisa muito séria.
- Quando um governo implanta um programa de alto interesse social, como o Bolsa Família, na certa, não está pensando em levar cachaça ao povo.
- Portanto, "na real", como diz a gurizada, comprar cachaça com o dinheiro é um absurdo.
- Coibir esta imoralidade é obrigação dos gestores do programa.
- Isso, parece, já está sendo feito.
- Prova disso é a decisão de afastar o homem - o anteriormente chamado de cabeça do casal - do recebimento do recursos do "Bolsa".
- Quem recebe a grana é a mulher - aquela que está preocupada com o leite das crianças e não em tomar cachaça na birosca da esquina.
- Deturpações envolvendo recursos sociais de governo são recorrentes.
- No programa do Leite, operado pela Secretaria Especial de Ação Comunitária do governo de José Sarney, também havia desvio de finalidade.
- Os tickets distribuídos para as famílias eram usados pelos homens.
- Eles os roubavam de suas mulheres e trocavam por cachaça e cigarro em pequenos comércios.
- Isso foi corrigido e o programa deu certo.
- Quando Fernando Collor de Mello assumiu a presidência da República, acabou imediatamente com o benefício sob o argumento de que ele lembraria o "Tudo pelo Social", marca do governo José Sarney.
- Agora, o Bolsa Família enfrenta o mesmo problema de má utilização de recursos.
- Até existe alguém que gasta o dinheiro em cachaça, mas isso representa quase nada, diante da importância que o Bolsa Família tem para uma camada da população que vive no limite da miserabilidade.
- Foi infeliz a declaração do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza.
- Não se justifica usar o dinheiro do Bolsa Família em cachaça.
- E é preciso que usem mecanismos de fiscalização capazes de acabar a sacanagem que ocorre no programa.
- O povo humilde, em processo de alta vulnerabilidade social, penhorado, agradece.
- Quanto mais certo der o Bolsa Família, mais lhe toca.
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sexta-feira, 4 de março de 2011
Adão Oliveira/Jornal do Comércio-RS
O “Bolsa” e a cachaça