Resistência mínima
- Nenhum dos projetos anunciados ontem pelo governador Tarso Genro para a pauta da convocação extraordinária tem nitroglicerina na sua fórmula. Por isso mesmo, devem ser aprovados sem maior dificuldade na próxima terça-feira, permitindo ao governo fazer os convites que faltam para cargos de chefia que hoje, pela baixa remuneração, só atraem quem está desempregado ou quem tem como única credencial a carteirinha de cabo eleitoral.
- Não é simpático aprovar aumento para cerca de 500 cargos de confiança sabendo que o grosso do funcionalismo não terá reajuste tão cedo, mas Tarso resolveu enfrentar o possível desgaste por entender que é mais importante colocar pessoas qualificadas em cargos considerados estratégicos. Seria absurdo oferecer um salário de R$ 1,2 mil para quem vai coordenar o programa Melhor Carne do Mundo – para citar o exemplo mais repetido.
- São tantos porque estão incluídos na lista coordenadores regionais de diferentes órgãos, como as secretarias da Educação e da Saúde. Como dificilmente um deputado menos comprometido com o governo abandonaria as férias pela metade para votar um projeto que beneficia cerca de 500 pessoas ou uma alteração na estrutura do governo, Tarso incluiu no pacote uma anistia a pequenos produtores rurais endividados. Com esse apelo, diminui-se o risco de falta de quórum para a votação. A fixação do teto de R$ 24 mil nas estatais tem efeito prático insignificante: são raros os casos de salários superiores a esse limite. É mais um simbolismo que o governo usa para materializar sua tese de que as estatais devem seguir os mesmos parâmetros da administração direta. Os projetos da convocação extraordinária não podem nem ser considerados o primeiro teste da fidelidade da base aliada. Teste mesmo será a votação de projetos polêmicos, como a reestruturação da previdência pública, que enfrenta resistências entre os servidores.
Em cima da hora
- Obcecado pelo cumprimento de horários, o governador Tarso Genro chegou ao Salão Alberto Pasqualini para a entrevista sobre a convocação extraordinária com 20 minutos de atraso. Foi logo pedindo desculpas, dizendo que não gosta de se atrasar e espera ser pontual das próximas vezes. Além de estabelecer o teto salarial nas estatais e elevar os salários de 518 cargos de chefia, Tarso propôs a extinção de 148 CCs com salários abaixo de R$ 1 mil, a organização da Agência de Desenvolvimento, a transferência da Fepagro da Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Agricultura e a anistia a pequenos agricultores endividados.
Desatadora de nós
- Antes de entrar em férias, o prefeito José Fortunati convidou a ex-secretária-geral de Governo Ana Pellini para sua equipe.
- Com perfil de “pé de boi” para trabalhar, Pellini deve desempenhar na prefeitura papel semelhante ao que teve no governo de Yeda Crusius, de desatadora de nós. Fortunati procurava alguém capaz de destravar as obras da Copa, que passam por diferentes secretarias.
Em defesa do coronel
- A indicação de um aliado seu para o porto de Estrela não foi suficiente para acalmar o deputado Enio Bacci (PTD), que ameaça romper com o governo: – Não estou nervoso, mas só vou me tranquilizar quando apresentarem uma solução para o coronel (Erlo) Pitroski, único ligado ao PDT. Sem isso, nada está resolvido. Bacci diz que conversou com o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, e pediu a nomeação de Pitroski para a Defesa Civil. E ameaçou: – Se ele não for aproveitado, vai ter racha.
Pedágios comunitários
- Adversária ferrenha do atual modelo de pedágios, a deputada Marisa Formolo (PT) lembra que, na campanha, o então candidato Tarso Genro assinou documento se comprometendo a dar preferência aos pedágios comunitários. Outro defensor do modelo comunitário, o deputado Gilmar Sossella (PDT) sugeriu o nome de dois dos seus assessores para integrarem o grupo de trabalho que vai discutir os pedágios no âmbito do Conselhão.
- Deputados da base aliada de Tarso iniciaram um movimento na Assembleia para tentar impedir a posse de Vicente Britto Pereira na Agergs, marcada para terça. O argumento é de que ele teria cometido “irresponsabilidade fiscal” ao assinar convênios com municípios em valor superior ao previsto no orçamento.
Gestão partilhada
- Apesar da troca de governo, Néio Lúcio deve ser mantido no comando do Grupo Hospitalar Conceição. O cargo é da cota do PMDB.
- Como o GHC tem pelo menos duas dezenas de cargos de chefia, Néio sugere que todos os partidos integrantes da base aliada de Tarso Genro sejam representados na diretoria.
Reação...
- Ex-secretário da Irrigação, Rogério Porto fez ontem o que se espera de um homem público que se considera apto a defender o próprio trabalho: contestou o diagnóstico dos novos secretários da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, e de Obras, Luiz Carlos Busato.
- Porto diz que deixou prontos mais de cem projetos de barragens de médio e grande portes e desmente a informação de Busato de que metade dos mais de 4 mil microaçudes construídos no governo Yeda estaria sem água.
... e silêncio
- A reação de Rogério Porto contrasta com o silêncio do ex-secretário de Infraestrutura Daniel Andrade e do ex-diretor-geral do Daer Vicente Britto Pereira em relação às contas deixadas para o novo governo, em especial os convênios com prefeituras para os quais não há recursos no orçamento de 2011. Antes de deixar o governo, Andrade disse ao secretário Beto Albuquerque que os convênios não tiveram o aval dele. Vicente não quis se manifestar.
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- A renovação do passaporte diplomático de filhos do ex-presidente Lula é um desrespeito aos cidadãos que pagam impostos e não têm tratamento privilegiado quando precisam viajar para o Exterior.
MIRANTE
- A foto oficial do secretariado de Tarso Genro será tirada hoje nos jardins do Piratini, às 11h30min, depois do ato coletivo de instalação das novas secretarias.
- A proximidade do deputado Mano Changes (PP) com o governo do PT está incomodando colegas. Coincidência ou não, Mano foi marginalizado na partilha de cargos na Assembleia.
- Entre os dias 24 e 31, os deputados Giovani Cherini e Adão Villaverde vão trabalhar juntos na transição da presidência da Assembleia.
ALIÁS
- Até abril, o governador Tarso Genro encaminhará à Assembleia o projeto que restabelece o Simples Gaúcho para micro e pequenas empresas.