Que assim seja...
Mesmo sabendo que de boas intenções o inferno está cheio, quem ouviu as manifestações dos três principais candidatos ao Piratini homologados no fim de semana deve torcer para que estejam sendo sinceros. Tarso Genro, José Fogaça e Yeda Crusius acenaram com uma campanha de alto nível, centrada na discussão de propostas e na comparação do que fizeram nos cargos pelos quais passaram. Os candidatos mostram ter consciência de que o eleitor está farto de ataques, dossiês e tentativas de crescer pela desqualificação do adversário. Não é a primeira vez que se ouvem essas juras. O problema é que, mal começa a campanha, e o discurso propositivo é substituído por ataques. A estratégia já está manjada: o candidato se ocupa das grandes questões, e os militantes ou profissionais contratados fazem o serviço sujo. Na TV, o candidato aborda os assuntos elevados, e um locutor se encarrega da desqualificação do adversário. Como cada campanha é um novo momento, convém dar um crédito aos candidatos. Se estão mesmo dispostos a falar de programas e propostas, que mostrem seus projetos, mas digam como pretendem executá-los. O eleitor não é bobo: promessas impossíveis e discursos abstratos não conquistarão adeptos. Todos dizem que aceitam a comparação de biografias e que fazem questão de colocar lado a lado suas realizações e a dos adversários. Além do que fizeram, os candidatos terão de mostrar por que deixaram de fazer esta ou aquela obra. Mesmo que só Yeda tenha sentado na cadeira de governador, os partidos de Tarso e Fogaça também já passaram pelo Piratini. Uma campanha de alto nível não significa passar a régua na biografia e fazer de conta que a vida começa em 2010. É legítimo que se cobre coerência de quem disputa nossos votos: lembrar o que fizeram nas eleições passadas não significa baixar o nível.
Yeda tira apoio de Fogaça...
Valeu a choradeira de PSC e PT do B. Para conquistar os dois partidos, que já haviam declarado apoio a José Fogaça (PMDB), mas vinham reclamando de desprestígio, a governadora Yeda Crusius compareceu ontem à tarde à convenção das siglas. Saiu com a oficialização da adesão.
– Para partidos considerados nanicos, mostramos que nossa mobilização foi vencedora – festejou a presidente estadual do PSC, Maria Delurdes Almeida. Hoje, Yeda irá à convenção do PRB.
Saia justa...
Para cobrar uma posição do PMDB estadual sobre o apoio à candidatura de Dilma Rousseff a presidente, o presidente estadual do PT, Raul Pont, foi à casa do senador Pedro Simon sábado à tarde. Saiu sem respostas, mas satisfeito por ouvir que Simon tem simpatia pessoal por Dilma.
Miss simpatia...
Perguntado se confirmava preferência por Dilma, Pedro Simon saiu-se com esta ontem: – Sim. Tenho simpatia pela Dilma. Tenho simpatia por Serra. E tenho simpatia por Marina. Sou muito simpático. Na convenção do PMDB, o senador tentou vender a ideia de que a imparcialidade seria benéfica porque assim Fogaça teria condições de se relacionar com qualquer presidente eleito. Ontem, admitiu: – Não sei se é a melhor posição, mas é a única opção que temos. O partido está extremamente dividido.
COMPETIÇÃO PIROTÉCNICA...
Planejada para ser “cartorária”, sem qualquer efeito pirotécnico, a convenção realizada ontem pelo PSDB na Assembleia Legislativa sofreu um upgrade nas 72 horas que a antecederam. Enciumados ao tomarem conhecimento da programação grandiosa de PMDB e PT, que realizaram suas convenções na véspera, os tucanos investiram em carros de som, telões e até chuva de papel picado, de última hora, para não passar a ideia de desmobilização no ato que oficializou a candidatura da governadora Yeda Crusius à reeleição, ao lado do vice, Berfran Rosado (PPS) e da senadora Ana Amélia Lemos (PP). Como a convenção foi realizada no mesmo local que a do PMDB, o PSDB negociou com proprietários para aproveitar a estrutura de lona que havia sido montada para José Fogaça. – Esta é uma surpresa entre muitas que virão. Vamos mostrar que somos competitivos – disse o presidente do PSDB, Claudio Diaz. Apesar do descontentamento de parte do PP com a cessão do lugar de vice na chapa de Yeda Crusius ao PPS, o presidente estadual do PP, Pedro Bertolucci, fez um discurso mobilizador: – Não pensem que o PP virá pela metade.
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Com dificuldades em preencher a cota feminina, partidos admitem que terão de fazer “mágica” para fechar as nominatas.
Além do “imbigo”...
Do deputado Pompeo de Mattos (PDT), candidato a vice de José Fogaça (PMDB): – Não dá para governar do Piratini, olhando para o próprio “imbigo”. No nosso governo, o Interior vai ter vez e voz.
ALIÁS...
Apesar de a organização geral da convenção do PMDB ter sido de Eliseu Padilha, parte do crédito pelas milhares de pessoas reunidas no sábado chuvoso vai para o deputado Alceu Moreira, que na sua festa de aniversário convocou os presentes a arregimentarem o maior número possível de filiados.
MIRANTE...
O PR selou ontem o apoio a Tarso Genro (PT).
O presidente do PSDB, Claudio Diaz, chegou a anunciar ontem que o PHS havia fechado apoio a Yeda Crusius, mas o partido também tem reunião agendada com o PT amanhã.
A beleza da suplente da candidatura de Paulo Paim ao Senado, Veridiana Tonini, chamou a atenção durante a convenção do PT. Todos perguntavam onde Paim tinha arranjado “aquela gringa”. Professora e vereadora no segundo mandato em Guaporé, na Serra, Veridiana tem 35 anos, é mestre em história e foi indicada pela ala feminina do partido.
A insuportável vuvuzela chegou à política: nas convenções do PMDB e do PT havia alguns exemplares levados por filiados sem noção, que atrapalhavam o discurso dos candidatos com seu brinquedinho.