sexta-feira, 18 de junho de 2010

ROSANE OLIVEIRA/Zero Hora


Por um punhado de cargos
Criticado por ter sempre um pé em cada candidatura com alguma possibilidade de conquistar o poder, o PMDB tem uma companhia à altura: o PTB, com sua vocação governista, não escolhe parceiro. Se há cheiro de poder, o PTB está por perto. Amanhã, na convenção nacional, o partido vai aprovar o apoio a José Serra (PSDB), apesar de ter passado os últimos oito anos pendurado em cargos do governo Lula (PT). Assim como o PMDB, que indicou o vice de Dilma Rousseff, está dividido, o PTB tem uma ala comprometida com a candidatura petista. O grupo majoritário, comandado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, o delator do mensalão, está fechado com Serra. Jefferson quer até indicar o vice e sugeriu o nome de Benito Gama, que teve seus momentos de glória há quase 20 anos, na CPI que investigou o governo Collor.
Ontem, o líder da bancada do PTB na Câmara, Jovair Arantes, protocolou pedido para incluir na pauta da convenção uma opção de apoio a Dilma, mas Jefferson está confiante em que a proposta não vai prosperar. Os delegados gaúchos concordam com a aliança formal com os tucanos em nível nacional, mas querem liberdade no Estado para apoiar quem bem entenderem, porque não há consenso. O senador Sérgio Zambiasi sequer irá à convenção.
O apego do PTB ao poder é antológico: o partido participa do governo Lula (PT), da administração de Yeda Crusius (PSDB) e da prefeitura de Porto Alegre, antes comandada por José Fogaça (PMDB) e hoje nas mãos de José Fortunati (PDT). No Interior, o PTB integra a administração nas principais cidades, seja qual for o partido do prefeito. Foi esse ecletismo que empurrou o PTB gaúcho para a candidatura própria a governador. Hoje, mesmo que quisesse apoiar um dos candidatos com melhor colocação nas pesquisas, o PTB não conseguiria unidade.
ALIÁS
Na propaganda do PSDB, ontem à noite, José Serra seguiu os passos de Dilma Rousseff e fez campanha escancarada, sem qualquer preocupação com a Lei Eleitoral.
PTB e DEM resistem
Mesmo sem o PPS, dirigentes do DEM e do PTB reafirmaram em reunião-almoço, ontem, a intenção de manter a candidatura de Luis Augusto Lara ao Piratini. Como a prioridade dos dois partidos é eleger deputados estaduais e federais no primeiro turno, a interpretação é de que a chapa própria deixará os candidatos mais livres para conquistar votos no Interior, sem terem de se enquadrar nos arranjos das outras coligações. Como sinal da aliança, Onyx Lorenzoni (DEM) estará ao lado de Luis Augusto Lara na convenção nacional do PTB, amanhã, em São Paulo.